velho calendário
venero-te como um sutra

- bashô

O Calendário Permanente que vocês têm em mãos é uma reedição dos antigos calendários perpétuos criados na Idade Média. O calendário mais próximo de como o conhecemos foi instituído por Júlio César no dia 1º de janeiro de 45 a.C. Antes dele, o calendário romano apresentava 355 dias e se baseava nos ciclos lunares. Como bom astrônomo que era (além de imperador supremo de tudo e de todos), Júlio César, copiando o exemplo egípcio, trocou a lua pelo sol como referência astronômica e deu ao ano 365 dias e 6 horas, ou seja, 365 e 1/4 de dia, com a fração sendo considerada através de um sistema cíclico de três anos de 365 dias seguidos por um ano bissexto de 366 dias.

O calendário juliano, como ficou conhecido, procurava corrigir uma falha que fazia o ano o lunar correr mais rápido do que o ano solar — o que atrapalhava, e muito, os agricultores, que precisavam de uma referência razoavelmente precisa para guiá-los através das estações.

Porém esse calendário juliano também continha falhas matemáticas, já apontadas pelos astrônomos alexandrinos Hiparco e Ptolomeu no século II d.C, e reforçadas em 1267 pelo monge inglês Roger Bacon. Pelos cálculos de Bacon, o calendário juliano implicava um erro de um dia inteiro a cada 125 anos (mais tarde, descobriu-se que o erro real era de um dia inteiro a cada 128 anos).

Foram necessários três séculos até que os apelos de Bacon recebessem a atenção da Igreja Católica. Foi assim que, no dia 5 de outubro de 1582, o Vaticano colocou em vigor um novo calendário, que ganhou o nome do papa Gregório XIII, responsável pela mudança. O ano agora passava a ter exatos 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 20 segundos.

Para adequar seu calendário ao ano solar, o papa precisou suprimir dez dias da vida de todos — o que causou um sem fim de revoltas por toda a Europa durante muito tempo. Os últimos países a adotar o calendário gregoriano na Europa foram a Grécia em 1923 e a Turquia em 1926. Goste-se dele ou não, é o calendário gregoriano que rege nosso tempo nos dias de hoje.

Como funciona o Calendário Permanente?

O dispositivo funciona a partir da sobreposição de duas camadas: um plano tabular com sete tipos de variações de meses – associado ao dia da semana em que o mês começa (seg, ter, qua, qui, sex, sáb e dom) e um plano com os nomes dos meses em si (como se organizam e se associam). Entre os anos normais e bissextos, o calendário tem duas faces, uma para cada tipo de ano. Para manuseá-lo, basta escolher a face e rotacionar o disco menor até encontrar em sua fenda o ano que você deseja consultar. Uma vez encaixado no ano correspondente, o disco menor nomeia os meses do disco maior e, assim, tem-se o calendário anual.

Sobre essas duas camadas analógicas, inserimos mais uma camada, que batizamos de aqui e agora. Em parceria com a Mandelbrot, desenvolvemos um aplicativo de realidade aumentada que permite acessar dados temporais, afetivos e geográficos, atualizados em tempo real. Nesse aplicativo, vocês terão à disposição um relógio virtual, a previsão do tempo, a posição do sol em relação aos signos do zodíaco e a fase atual da lua no local onde vocês estiverem. Os dados climáticos estão associados a trechos de músicas, poesias e haicais.

A nossa versão dos calendários perpétuos cobre um período de 28 anos (2020-2047), sendo 2020, 2024, 2028, 2032, 20236, 2040 e 2044 anos bissextos. Presentear vocês com este Calendário Permanente foi o modo que encontramos de reverenciar o conhecimento tradicional, a ciência, a impressão sobre papel e a potência infinita da tecnologia.

E, é claro, o tempo — este, sim, imperador de tudo e de todos.

créditos

Projeto idealizado e desenvolvido por allesblau.studio e mandelbrot.com.br
Tipografia: Durango Kid, desenhada por Fabiano Procópio
Papeis: Ardiron Blue, Keaycolor Rosebud e Coral
Impressão: Efeito Visual
Agradecimento: André Viana

Projeto idealizado e desenvolvido por

allesblau.studio
maldelbrot.com.br